Bloguinho da Zizi

sábado, 24 de dezembro de 2011

Conto de Natal - 5

Prenda de Natal 



A  Acácia do quintal tinha começado já a florir e como estavam lindos os seus ramos!

Os mais pequenos batiam palmas de contentes ao descobrir cada dia, na velha acácia, mais uns botõezinhos vermelhos!

- Mamã quando ela estiver toda florida será Natal e falta tão pouco tempo… que bom! O Menino Deus vai nascer outra vez para nós.
Beatriz escutava distraída as vozes dos seus filhos, preocupada em procurar, na sua pobreza material, um tesouro escondido com o qual pudesse realizar os sonhos infantis… mas não encontrava nada… tão pouca coisa havia em casa! Mas era preciso inventar, criar qualquer coisa que os satisfizesse, que os fizesse sentir como os outros meninos, os meninos ricos como o Joãozinho do prédio bonito da esquina.
-Mamã, o que nos darás neste Natal? É verdade que o Menino Jesus ainda não to disse?
Decididamente não deixavam pensar Beatriz mas ela ria-se com a alegria dos seus cinco filhos.
-Não meus queridos nada vos posso dizer… é surpresa porque, de outra forma, deixaria de ser prenda de Natal. Pronto, não falamos mais nisso e vamos arrumar a cozinha que o pai está a chegar. E todos deitam mãos à obra. Beatriz adorava quando o marido chegava a casa e era atacado pelo bando dos filhos e estendendo os braços para a mulher dizia: Cheguei ao paraíso!
Beatriz era feliz apesar das paredes nuas da sua casa, do mobiliário pobre, das dificuldades monetárias; era rica de calor humano, de compreensão e de amor.
A acácia acabou por florir toda e o Natal bateu-lhes à porta. Os pequenos cochichavam com risadas felizes. Beatriz pensava que as prendas não seriam o que desejava… havia o impossível financeiro. Rebuscou numa velha mala onde guardava coisas da sua juventude à procura do que pudesse transformar, com a sua habilidade, em prendas bonitas.
Encontrou um tecido colorido e moderno. Dali faria um boné muito simpático destes que os miúdos gostam de levar para a escola. Seria para o João Paulo que gosta sempre de parecer bem. De um seu vestido já antigo faria dois bem juvenis para as duas mais novas. Para o Luis Manuel encontrou a capa de um livro em cabedal, já usada, mas com o seu jeito para o desenho, criaria uma capa que ele iria adorar. Trabalhada ficaria como nova.
Para o mais velho é que não encontrava nada que a pudesse encantar. De repente caiu-lhe nas mãos um livro de poemas do seu tempo de estudante e não pensou mais. Seria a melhor prenda que poderia dar ao filho mais sensível que sentia já uma irresistível atracção pela poesia.
Beatriz dispôs-se então a resolver outro problema: o da ementa. Andou à procura de todas receitas mais económicas que lhe permitisse consolar a sua gente com pouca coisa. Serviu-se da sua criatividade e imaginação e de todo o amor para realizar uma ceia de Natal condigna daquilo que a sua família dela esperava.
-Mamã, fazemos também o presépio?
-Com certeza meus filhos.
E à noite, depois do jantar reuniram-se no “cantinho da mãe” como todos chamavam ao local onde Beatriz se sentava para cozer e até mesmo, quando as lides da casa o permitiam, para pensar e sonhar.
Com bocaditos de trapos e de cartão fizeram as figuras que o pai com paciência ia colando João Paulo pintava expressões faciais e que bem que elas ficavam!
Ao desenhar o rosto da Virgem, uma ruga vincou-lhe a testa e a mãe sentiu esta preocupação:
-Que há meu filho?
-Mamã, como hei-de pintar o rosto de Maria? Não o posso pôr a sorrir pois com tantas necessidades que havia na gruta como podia ela sorrir? Eu bem vejo a tua tristeza quando te pedimos pão e tu não tens para nos dar. É a mesma coisa, não é mamã?
-Sim, é a mesma coisa mas, sabes, penso que podes pôr a Virgem a sorrir porque no presépio havia o calor do grande amor entre os três.
Os dias correram e o calendário mostrou a folhinha de 24 de Dezembro, de uma manhã linda e quente com o céu muito azul e um ar perfumado. Em casa, os risos das crianças e a sua alegria faziam daquela manhã a mais sedutora de todas. Mas nem todos riam. Pedro, o filho mais velho, apresentava um rosto fechado e triste. Beatriz entendeu aquele olhar inquieto.
-Queres vir com a mãe ao quintal apanhar uns raminhos de salsa? Pronto! Era o que ele queria ouvir. Seguiu a mãe com as mãos nos bolsos, como um homem grande, com problemas profundos.
-Mamã, já tens a minha prenda de Natal? É que eu queria pedir-te uma coisa…
-Diz, meu filho, se for possível…
-Olha, não sei se conheces o Carlitos, ele é meu colega da escola. Vive só com a mãe porque o pai abandonou-os.
Beatriz entristece-se pelo drama em si e por não poder evitar ao filho os choques que a vida lhe daria.
-Eles não têm nada em casa. São muito mais pobres do que nós e falta-lhes o calor do amor que tu falavas ao João Paulo. Eles vão ter muito frio este Natal, mamã. E sabes… tive uma ideia que não sei se tu e o pai aprovarão.
-Fala meu filho, se for boa com certeza que não diremos que não.
-Eu posso convidar o Carlitos e a mãe a passarem o Natal connosco? Era esta a prenda que eu queria que me dessem.
Beatriz comovida abraçou o filho que tinha entendido bem a mensagem de amor que um Natal sempre traz.
-Sim, podes convidá-los. Ficaremos todos contentes por tê-los connosco nessa noite santa. Vai pois, a correr, dizer-lhes.
Cantando, com um sorriso a bailar-lhe nos lábios e no coração, Pedro saiu a correr de junto da mãe. Beatriz à entrada de casa acompanha-o com o olhar até o ver desaparecer na curva do caminho.
Erguendo os olhos ao céu, Beatriz agradece a Deus aquele Natal pleno de amor e de alegria que toda a sua família iria viver!

Este conto foi transportado daqui: 


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sou eu mesma



Que eu faça um mendigo sentar-se à minha mesa,
que eu perdoe aquele que me ofende e
me esforce por amar,
inclusive
o meu inimigo,
em nome de Cristo,
tudo isso,
naturalmente,
não deixa de ser uma grande virtude.
O que faço ao menor dos meus irmãos
é ao próprio Cristo que faço.
Mas o que acontecerá,
se descubro,
porventura,
que o menor,
o mais miserável de todos,
o mais pobre dos mendigos,
o mais insolente dos meus caluniadores,
o meu inimigo,
reside dentro de mim,
sou eu mesmo,
e precisa da esmola da minha bondade,
e que eu mesmo sou o inimigo
que é necessário amar?

Carl Gustav Jung

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Conto de Natal 4

A fábrica dos brinquedos 

Ana Onofre, 11 anos, Cartaxo (Adaptado por Vaz Nunes - Ovar)



    Há muito, muito tempo, viveu um homem muito grande e forte mas também muito velhinho. As barbas brancas quase lhe tocavam no peito e o seu cabelo comprido estava em desalinho.
    Um dia, Nicolau - assim se chamava ele -  sentou-se ao pé da janela a meditar. A certa altura, olhou através da vidraça: lá fora nevava. Era Inverno! Os vários pinheiros do seu jardim estavam cobertos de um manto espesso e branco. Porém, umas pegadas na neve despertaram-lhe a atenção. Um pouco mais adiante, estava um mendigo. Esse pobre homem, que era um sem-abrigo, estava mal agasalhado, descalço e sozinho. Nicolau, que tinha um coração de ouro, abriu a janela e chamou-o:
- Vem cá, homem! Onde é a tua casa?                                                                                                                      - Ah! A minha casa?! Eu não tenho casa.
- E a tua família?
- Oh! Esses…nunca os conheci. Vivia com a minha avó, mas ontem ela morreu, não aguentou o frio deste Inverno…
- Meu Deus! Mas, que vida tão triste a tua! E agora?! Com quem vives? Sozinho?
- Sim, agora vivo sozinho.
- Mas…  e ... e não tens frio, mal agasalhado e descalço? Bem que precisas de um par de sapatos, de uma camisola e de um casaco! Vou pedir à minha mulher que te faça uma camisola e vou fazer-te eu próprio um par de sapatos! E sabes que mais? Se quiseres colaborar comigo!
- Oh! Muito obrigado, senhor. Que devo fazer para colaborar consigo?
- Eu vou explicar tudo: a minha mulher andava a dizer-me que eu precisava de um trabalho para me entreter. Eu fiquei um bocado confuso: como poderia eu arranjar um emprego de um dia para o outro? E então, quando te vi,  lembrei-me imediatamente de um bom passatempo para nós os dois! E até fazíamos uma boa acção e tudo! A minha ideia era construirmos uma fábrica de brinquedos onde trabalharíamos todo o ano para obtermos os melhores e mais bonitos presentes para oferecermos aos meninos bem comportados no final do ano. Podíamos também dar um nome à data de entregar as prendas. Hummm, pode ser NATAL, em honra da minha mulher Natália.
   - O senhor, isto é, o Nicolau tem ideias fabulosas! Para mim o senhor é um verdadeiro santo!
   - Oh! Oh! Oh! Não sou nada! Sou apenas o Pai Natal! É um bom nome para quem inventa o NATAL!  No NATAL, todas as prendas devem estar prontas. Treinarei as minhas renas para grandes viagens, prepararei o meu trenó e… já me estou a ver a cruzar os céus!!!!! Só tu poderás estar comigo no trenó, para levares o saco com as prendas!
    - Mas, Pai Natal, quando é que vai ser o NATAL?
    - Oh! Meu Deus! Não tinha pensado nisso! Mas, até pode ser no dia em que nasceu Jesus! Ele ficaria orgulhoso de nós! Portanto o NATAL é no dia 25 de Dezembro! É verdade, como te chamas meu amigo?
    - Chamo-me Cristóvão.
    - Muito bem, Cristóvão, vamos já contar tudo à minha mulher!
    Natália ficou encantada com a ideia do marido e prontificou-se logo a chamar todos os duendes empregados para ajudarem na construção da fábrica. Estes adoraram a ideia de passar a trabalhar numa fábrica e empenharam-se mais que nunca na sua construção. Em menos de cinco dias a fábrica estava pronta!
     Naquele ano todos os duendes tiveram de trabalhar em velocidade máxima, pois o NATAL estava à porta! Todos os dias a fábrica de brinquedos do Pai Natal recebia dezenas de cartas de todos os meninos e meninas do mundo, a encomendarem os seus presentes de NATAL. A todas as cartas o Pai Natal respondia dizendo que se portassem bem.
     E o prometido é devido: os duendes carregaram as prendas até ao trenó e Cristóvão pô-las no grande saco do Pai Natal.
À meia-noite em ponto, o trenó cruzava o céu puxado pelas renas, carregando o saco dos presentes, o Pai Natal, e, claro, Cristóvão!
Ainda hoje, sempre que é a noite de Natal, podemos ver o grande trenó com o Pai Natal e Cristóvão, se olharmos para o céu à meia-noite em ponto …

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Vamos Comemorar?

Hoje temos uma aniversariante especial.
Apesar de não conhecê-la pessoalmente posso afirmar que, assim como muitas pessoas por aqui, ela é bem re-conhecida. De onde???? A resposta só o coração pode dar.
Maria Tereza Venzke  do Blog Despertando na Luz.




Só quem a visita sabe do seu comprometimento com esse Despertar. 


Tere, que o teu Natal pessoal seja repleto de Paz e Alegrias.
Que tua missão maravilhosa de Despertar todos para a Luz mantenha-se coberta de êxito.
Meu carinho, meu respeito, minha gratidão.




Feliz Aniversário!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A florzinha e o beija-flor



Deu-se a flor por completo ao beija-flor.
Eram um para o outro!
Deixou exalar seu mais suave perfume, iluminou suas pétalas de coloridos tons, bailou nas aragens mansas, intumesceu os pistilos grávido de amor.
Deixou-se colher ao aconchego das noites enluaradas, nas promessas de amor, nas juras, dos sonhas de enfeitar a vida.
Sabia dos perigos da mata, das ervas daninhas, dos meninos destruidores e mesmo assim deu-se inteira.
E o beija-flor a visitava; beijavam-se, amavam-se, desejavam-se.
A flor foi crescendo, ficando mais e mais alta, mais e mais aberta.
Um dia o beija-flor não veio.
Ela esperou por seus beijos, mas eles não vieram...
Procurava entender com seu miolinho amarelinho, o que estaria acontecendo.
Esticava seu caule para olhar mais longe e ver além do jardim.
Os dias fechavam suas janelas, as noites esticavam seus tapetes e nada do beija-flor voltar.
Um dia ela perguntou ao vento:
- Seu vento, por acaso o senhor viu o meu beija-flor por aí?
E o vento assobiando, respondeu:
- O "seu" beija-flor, florzinha? Que pena que pensa assim!
- Não entendo o que diz, seu vento! Por que usou esse tom?
Então o vento parou, envolveu-a carinhosamente e disse:
- "Seu" beija-flor, florzinha, nunca foi seu de fato. As flores pensam assim, e acabam sempre caindo... O beija-flor voa livre, beija todas as flores, encanta, faz-lhes a corte, mas não fica com nenhuma. Sempre abandona as flores quando já lhes sorveu o mel.
- Não acredito no senhor! Só pode ser mentira! Eu vou esperar por ele!
- Ah, florzinha teimosa, não adianta chorar, não! O beija-flor já vai longe, voando em outros jardins. Você não sabe que ele se protege é voando? Tem medo de parar, ficar quieto nos galhos. Tem medo que as crianças machuquem as suas asas, tem medo que a erva daninha envenene o seu mel, tem medo de ficar preso numa gaiola feia!
 O beija-flor, minha linda, nunca será de ninguém! E desconfio que goste de viver desse seu jeito...

Triste destino da flor, agora despetalada, encurvou seu caule longo, deixou a terra sujar suas pétalas delicadas.
Então o vento chamou a chuva para ajudar a florzinha. E a chuva molhou a flor que tornou a levantar.
Só que agora, mais sábia, se fecha sem mais deixar que nenhum passarinho possa com seu bico roubar, o  melzinho da sobra que o beija-flor não quis levar.

(Paula Baggio)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Conto de Natal - 3

LENDA DA ÁRVORE DE NATAL




Quando o Menino Jesus nasceu, todas as pessoas e animais e até as árvores sentiram uma imensa alegria.
Do lado de fora do estábulo onde o Menino dormia, estavam três árvores: uma palmeira, uma oliveira e um pequeno pinheirinho.
Todos os dias as pessoas passavam e deixavam presentes ao Menino.
- Nós também Lhe deviamos dar prendas! - disseram as árvores.
- Eu vou dar-lhe a minha folha mais larga - disse a palmeira - quando vier o tempo do calor ele pode abanar-se com ela e sentir-se mais fresco.
Então disse a oliveira :
- E eu vou dar-lhe óleo. Perfumados óleos poderão ser feitos a partir do meu sangue.
- Mas que Lhe poderei dar eu? - Perguntou ansioso o pequeno pinheiro.
- Tu? Os teus ramos são agudos e picam - disseram as outras duas árvores.

- Tu não tens nada para Lhe dar !
O pequeno pinheiro estava triste. Pensou muito, muito, em qualquer coisa
que pudesse oferecer ao Menino que dormia, qualquer coisa de que o Menino pudesse gostar. Mas não tinha nada para Lhe dar.
Então um anjo, que tinha ouvido a conversa toda, sentiu pena da arvorezinha que não tinha nada para dar ao Menino.
As estrelas estavam a brilhar no céu. Então o anjo, muito de mansinho, trouxe-as uma a uma cá para baixo, desde a mais pequenina à mais brilhante e colocou-as nos ramos pontiagudos do pinheiro.

Dentro do estábulo, o Menino acordou e olhou para as três árvores do lado de lá da gruta, contra a escuridão do céu. De repente as folhas escuras do pinheiro brilharam, resplandecentes, porque nelas as estrelas descansavam.
Que lindo estava o pequeno pinheiro que não tinha nada a oferecer ao Menino...
E o Menino Jesus levantou as mãozinhas, tal como fazem os bebes, e sorriu para as estrelas e para aquela árvore que Lhe iluminara a escuridão da noite.
E desde então o pinheiro ficou a ser, para todo o sempre, a Árvore de Natal.
(História tradicional inglesa)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Hai-kais da Angela

Todos de autoria da minha querida amiga Angela, do blog Notícias da Cozinha .





Na noite - negrume,


vagueia e pirilampeia


o vaga-lume.








O grilo

canta e seus males espanta

com muito estilo.






Formiga saúva


estoca comida na toca


pro tempo de chuva.



Beira de rio.


Se agacha o sapo e coaxa


por causa do frio.






 Louva-deus:


o inseto, solene e quieto,


louva a Deus.






Galinha co-co-ro-có:

no ninho, ovo amarelinho


para o bolo da vovó.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O velho e o peixe


Sabe?
Ele era um senhor de certa idade e vivia me dizendo que conversava com os peixes.
Eu achava aquilo muito doido... como assim, conversar com peixes?
Ele dizia que os peixes lhe contavam sobre a vida nos mares e por todos os lugares.
Mas como assim???? Um peixe não tinha condições de cruzar todos os mares.
Mas ele contava que o peixe informara que sabia tudo mesmo sem ter lá estado, pois onde um deles estivesse toda informação e experiência era passada a qualquer tipo de vida que estivesse na água.
Contava da vida nas geleiras dos pólos e no imenso calor tropical. Das grandes batalhas que terminaram no fundo dos oceanos deixando seus navios derrotados e perdidos. Falava das grandes espécies que habitam as águas profundas e que homem nenhum imagina que possa existir e, falou também dos seres que nenhum microscópio ainda conseguiu enxergar.
Quantas histórias esse peixinho tinha pra contar...
E eu ouvia aquilo entre dúvidas e assombro, tentando imaginar um peixe a conversar.
E eu aqui, hoje, na beira deste rio, ouvindo de você a confirmação de tudo que ouvi dizer.
Quem vai me acreditar?
(masfd)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Contos de Natal - 2

O SONHO DO PAI  NATAL



Retirado de "Diário de Aveiro", de 2000/12/07
Adaptado por Vaz Nunes - Ovar





O Pai Natal sonhou um sonho lindo,
tão lindo que não queria acordar.


E não queria acordar porque este ano
os Humanos encheram-se de boa vontade
e fizeram um acordo de Paz,
que silenciou todas as armas.


Em todos os cantos do planeta,
mesmo nos lugares mais recônditos da Terra,
as armas calaram-se para sempre
e os carros de combate e outras máquinas de guerra
foram entregues às crianças
para neles pintarem flores brancas de paz.

O Pai Natal sonhou um sonho lindo,
tão lindo que não queria acordar.
E não queria acordar porque nesse sonho
 não havia fome: 
em todas as casas havia comida, 
havia até algumas guloseimas para dar aos mais pequenos. 
Mesmo as crianças de países outrora pobres 
tinham agora os olhos brilhantes, 
brilhantes de felicidade. 
Todas as crianças tinham acabado 
de tomar um esplêndido pequeno-almoço 
e preparavam-se para ir para a escola, 
onde todos aprendiam 
a difícil tarefa de crescer e ser Homem ou Mulher.
O Pai Natal sonhou um sonho lindo, 
tão lindo que não queria acordar. 


E no seu sonho não havia barracas, 
com água a escorrer pelas paredes e ratos pelo chão,  
nem gente sem tecto, a dormir ao relento. 
No sonho do Pai Natal, 
todos tinham uma casa, um aconchego, 
para se protegerem do frio e da noite.
O Pai Natal sonhou um sonho lindo, 
tão lindo que não queria acordar. 


E no seu sonho não havia instituições
 para acolher crianças maltratadas
e abandonadas pelos pais 
nem pequeninos e pequeninas 
à espera de um carinho, de um beijo... de AMOR. 
Todas as crianças tinham uma família: 
uma mãe ou um pai ou ambos os pais, 
todas as crianças tinham um colo à sua espera.
O Pai Natal sonhou um sonho lindo, 
tão lindo que não queria acordar. 


E no seu sonho não havia palavrões e outras palavras feias, 
não havia empurrões, má educação e desentendimentos. 
Toda a gente se cumprimentava com um sorriso nos lábios. 
Nas estradas, 
os automobilistas não circulavam com excesso de velocidade, 
cumpriam as regras de trânsito
 e não barafustavam uns com os outros.
O Pai Natal sonhou um sonho lindo, 
tão lindo que não queria acordar.

E no seu sonho não havia animais abandonados pelos seus donos, 
deixados ao frio, à fome e à chuva,  
nem animais espetados e mortos nas arenas, com pessoas a aplaudir.

Mas, afinal, 
quando despertou verdadeiramente, 
o Pai Natal viu que tudo não tinha passado de um sonho; 
que pouco do que sonhara acontecia de verdade.
Ficou triste, 
muito triste, 
e pensou:
- Afinal, ainda é preciso que, pelo menos uma vez por ano, 
se celebre o Natal!».
E, nessa noite, 
o Pai Natal começou os preparativos para dar,  
mais uma vez, 
um pouco de alegria a todas as crianças do Mundo.                  

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Ao meu filhão, com amor


Amo teu olhar
Esse teu jeito de censurar
O teu gargalhar
Tua forma de amar

Filho, 
que esta nova etapa da tua vida
te traga realizações.
Feliz aniversário!!!!


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Chuva que cai



Gosto de sentir a chuva,
de vê-la caindo
molhando a terra seca,
limpando as plantas empoeiradas,
lavando as ruas.
Gosto de ver os pássaros 
se escondendo nas árvores e buscando abrigo,
de ver os cães correndo em fuga,  molhados e
de ver crianças chapinhando nas poças que se formam.
Gosto de ouvir a chuva à noite 
ou quando acordo na madrugada.
Gosto de ver a chuva e de senti-la
quando estou no mar.
O encontro das águas em mim
traz renovação.
Gosto da chuva
porque nela vejo as lágrimas que contive por tanto tempo.
O céu é sábio e não tem vergonha de chorar. 
(masfd)