Era uma vez uma boca que vagava pelo mundo a procura de não sei quê.
Subia montanhas, atravessava mares, percorria desertos, enfrentava florestas.
Muito tempo levou nessa busca sem entender o que a levava a essa jornada.
Um dia, cansada, encostou à sombra de uma árvore, junto a algumas flores de delicado perfume.
Não sabe bem quanto tempo passou naquele sono, mas lembra que sonhou com algo que jamais imaginara. Sentiu que outra boca se aproximava e lhe tocava e então foi como uma explosão de sentimentos que ela jamais sentira.
Acordou assustada sem entender nada, pois jamais sentira coisa parecida, quando viu ao seu lado outra boca que a olhava com ternura. Esta lhe sorriu e disse:
- Não pude me conter ao ver-te deitada em sono profundo. Senti um desejo imenso de chegar mais perto e de tocar-te. Mas o que senti não sei explicar e estou aqui a te admirar.
A boca ainda sonada, não tinha palavras para dizer nada. Era um misto de confusão e euforia. Mas percebeu que achara o que vinha buscar.
Mas a outra boca já não estava mais ao seu lado e como por mágica desapareceu.
E a nossa boca, agora, sai em busca de outra que lhe traga os mesmos sentimentos, o mesmo gosto, o mesmo alento.
Dizem que foi assim que surgiu o beijo.
Por isso as bocas necessitam tantos beijos, pois estão a procura do primeiro.
(Marina Santos)
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