Bloguinho da Zizi

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sobre rãs, capitães, icebergs....e águias!

Marc Fourcade reflete a respeito do que você precisa para mudar o curso de sua vida.

O mundo está se movendo. Ou nos movemos com ele, ou nos movemos contra ele. Nesse caso, podemos não ser fortes o suficiente! As forças em movimento são enormes e incontroláveis; elas são as forças da natureza, as forças da vida. O poder para mudar é o poder para viver.
A Criação está em permanente recriação. Ela morre e renasce a todo instante. Torna-se feia e faz-se bonita novamente a cada respiração. Ela não pára de desfazer aquilo que começou tão bem; assim que afugenta a primavera, coloca o verão em seu lugar; definha-se no outono e então pega você no inverno. A natureza, dia-a-dia, nos dá o ritmo da vida – mas para nós é difícil seguir por causa da bagagem que carregamos do passado, contendo o peso de nossas memórias e de nossa nostalgia.
Para muitos de nós, mudar implica perder. Isso nem sempre está relacionado à área consciente de nós mesmos. Envolvidos com nossos hábitos, nossas rotinas, raramente desejamos deixar áreas seguras de conforto interno. Sempre que nos afastamos de nossas zonas de conforto, significa estar em perigo. Sair da concha de nossa aparente certeza é como entrar numa selva de ignorância, angústia e, talvez, morte. Como Woody Allen disse uma vez, “Enquanto um homem considerar-se mortal, ele nunca se sentirá relaxado” – e poderíamos provavelmente acrescentar, “e nunca realmente estará pronto para a mudança”.
Freqüentemente, a fim de se obter algo novo, deve-se renunciar a algo velho. Isso freqüentemente vai contra a natureza, pois nossa tendência é a de querer ambos – ter nosso bolo e comê-lo. Sempre desejamos ter mais; entretanto, não queremos renunciar a nossas aquisições. Por essa razão, inventamos uma qualidade maravilhosa: a adaptabilidade. Permite-nos obter coisas novas sem nos afastarmos das coisas velhas. Isso é chamado de instinto patrimonial.
A adaptabilidade é em si mesma uma bela qualidade, mas que também apresenta alguns perigos se não soubermos a que estamos nos adaptando. O organismo humano, por exemplo, adapta-se com muito sucesso ao tabaco, álcool, gorduras e até ao arsênico em pequenas doses, mas cada um pode, no fim, tornar o corpo doente e até matá-lo. A rã é lendária por sua capacidade de ajustar a temperatura do seu corpo à temperatura ambiente. Entretanto, quando ela é submersa numa panela de água que está sendo aquecida gradualmente, ela vai se adaptando... se adaptando... até que finalmente é fervida, pois falta-lhe energia para pular para fora do recipiente. Será que nós também às vezes não nos encontramos em situações onde nos adaptamos ao invés de pular, até que seja tarde demais?
Um indivíduo realmente muda quando seus maiores interesses estão em jogo. É quando ele percebe que seu equilíbrio emocional e mental, sua saúde e sua vida estão ameaçados e que, de repente, ele percebe que tem os meios para mudar. A mudança obedece pelo menos três critérios: necessidade, consciência e o poder para agir. Nessa trilogia, a informação tem um papel essencial; em outras palavras, como alguém pode apreender, entender e agir sem qualquer informação, sem saber? A necessidade essencial para a informação correta é ilustrada na história de um certo capitão de navio da marinha norueguesa, que foi pego na neblina de uma noite nos Galápagos. Seu navio era o principal da frota. Vendo uma luz trêmula bem à frente de seu navio, enviou três sinais pedindo ao navio, que levava aquela luz, para mudar o curso em vinte graus, a fim de evitar a colisão. Bem no momento final, foi ele quem precisou mudar o curso rapidamente, para evitar a colisão com aquela luz impassível, que se revelou um farol completamente estável.
A informação é o ponto crucial em qualquer processo de mudança. Não é suficiente saber que é necessário mudar; é preciso também ter o saber–como, que, nesse caso, a informação é poder. A informação não está apenas no coração do desafio da mudança, mas é também a razão pela qual há tanta resistência à mudança. A despeito de vivermos na era da informação, não estamos realmente bem-informados, pelo menos em termos de qualidade, seja sobre nós mesmos ou sobre nosso meio ambiente.
Muito recentemente um estudo publicado por dois escritores franceses, Regis e Brigitte Dutheil, um físico e um filósofo, em seu livro chamado “The Super Light Man”, revelou em que extensão o papel da informação é essencial no desenvolvimento de nossa consciência de eventos e, além disso, a moldagem de nosso comportamento. Eles nos dizem como nossa consciência sobre nosso meio está limitada à pequena capacidade de nossos órgãos dos sentidos. Nossos olhos, por exemplo, somente são capazes de perceber um espectro de cores entre 0,3 e 0,8 angstron, isto é, do azul claro ao vermelho escuro e, portanto, somos totalmente incapazes de perceber raios ultra-violeta ou infra-vermelho. O mesmo aplica-se aos nossos ouvidos, os quais não podem ouvir freqüências muito baixas ou muito altas; e ao nosso nariz, às células olfativas, as quais são incapazes de competir com as de um cachorro! Esse tipo de informação sobre nosso meio é sempre incompleto, e ainda continuamos interpretando a maneira como o mundo trabalha e a natureza da vida a partir dessas informações muito limitadas.
Se somente temos muito pouca informação sobre o nosso meio, temos até menos sobre nosso mundo interior – o modo como funcionamos psicologicamente, o mecanismo de nossos pensamentos, nossas emoções e nossos recursos pessoais. Integramos ao longo de anos – através de nossa educação, nossas experiências, nossas descobertas, nossas percepções – uma quantidade incrível de memórias que hoje constituem nosso sistema interno de referência.
Essas memórias, ligadas umas às outras no coração de uma rede interna complexa, são a mãe-terra de nossos pensamentos e também de nosso comportamento. A qualidade e força dessas memórias e o modo como nós as usamos determinam nossas emoções, nossas reações, nossos desejos e nosso estado mental. Nossa habilidade para mudar está em nosso potencial em lidar com esse banco de informação, mas, primeiro, temos de descobrir o que exatamente está no banco, isso quer dizer, temos de nos conhecer. Raramente existe qualquer outro método além daquele de mergulhar profundamente para dentro de si e ir ao indescritível pântano das memórias para tentar nos encontrar e saber onde estamos.
O ser humano é como um iceberg. Nós conhecemos apenas a parte emersa visível dele, isto é, pouco mais de dez por cento da sua  personalidade. Os noventa por cento imersos estão sob a superfície, e constituem sua realidade essencial. Contudo, com tão pouca informação que temos, tentamos antecipar suas reações, prever suas mudanças, agir sobre seu comportamento. Se o vento está soprando do norte para o sul, você esperaria que o iceberg se movesse para o sul, mas, contrário às expectativas, ele move-se para o norte, porque a corrente está puxando noventa por cento da sua massa sob a superfície na direção oposta.
No caso de um indivíduo, os dez por cento conscientes não são fortes o suficiente para lutar contra os noventa por cento do subconsciente de memórias enterradas e emoções esquecidas – escondidas nas sombras do nosso passado, incógnito, mas ativo e representando uma corrente muito poderosa e invisível. Essa é uma das razões-chave de termos muitos problemas – quer seja em termos de administração organizacional ou de auto-administração. Estamos sobre-informados e submersos, com informação excessiva, irrelevante e de má qualidade sobre os dez por cento de realidade acessíveis aos nossos cinco sentidos, e sub-informados em quantidade e qualidade sobre os noventa por cento de nossa realidade. Que pena, porque todos nós possuímos recursos incontestáveis, mas nossa visão limitada de nós mesmos e nossos limites mentais nos impedem de puxá-los e expressá-los.
Isso é ilustrado pela estória do ovo da águia, que foi chocado por uma galinha. Desde o seu nascimento, o único ambiente do bebê-águia era o mundo dos frangos. Ele cresceu como um frango, comeu como um frango, correu como um frango, comunicou-se como um frango e viveu como um frango. Então, um dia, perto do fim de sua vida, ele olhou acima para o infinito do céu e admirou o majestoso planar da grande águia real, e começou a sonhar em voar como ela!
Essa estória nos ilumina sobre o incrível impacto que a informação tem sobre os nossos estágios de consciência e, além disso, sobre nosso comportamento e qualidade de vida. O excesso de informação sobre o superficial em nosso ambiente externo tira a consciência de nosso ambiente interno, o qual é essencial para captarmos sinais sutis que requerem um alto grau de sensibilidade, bem como intuição para serem percebidos. Além daquilo que nossos cinco órgãos percebem, há uma dimensão ilimitada a ser explorada. Há um campo incontestável de vibrações rico em informação de qualidade, capaz de transformar radicalmente nossa visão do mundo e de nós mesmos. Para isso, devemos parar de sermos surfistas e nos tornarmos mergulhadores para descobrir os tesouros da alma no silêncio das profundezas do nosso próprio ser.
A meditação é o caminho real para essa viagem ao centro do eu, para a busca do Santo Graal, para a busca pela perfeição, para a beleza pura do ser original. 
Michelângelo tinha um bom argumento para convencer os céticos, que muitos de nós nos tornamos. Um dia, ao terminar uma enorme escultura, cansado dos elogios de uma admiradora, ele lhe disse: “Senhora, eu apenas retirei a pedra que não era necessária – a perfeição estava dentro dela.”
Será que nessa consciência não estaria uma boa razão para começar a viagem na direção do centro do eu?

www.bkumaris.com.br 





4 comentários:

Quando a vida dentro de mim se tornou possivel disse...

"A informação é o ponto crucial em qualquer processo de mudança. "
Por isso sou apaixonada pela NET-Como aprendo!!

Bom final de semana amiga!bjos

Anônimo disse...

Boa tarde amiga.
Estava lendo a sua postagem e me envolvi no assunto...
A mudança é um processo assustador mas viável quando necessária.
A verdade é q devemos estar sempre nos mudando pois a mudança embarca vc para novos aprendizados, estacionar sinceramente ñ é uma boa pois tira de vc oportunidades a novos horizontes...Mesmo quando tudo está bem devemos deixar melhor ainda é o ciclo da vida.
Um abraço

Sonia Schmorantz disse...

Gostei desta parte: o ser humano é um iceberg, só se conhece a parte visível...incrível como isso traduz tudo!
beijos, ótimo final de semana

Maysha disse...

Gostei imenso deste texto, é muito importante sabermos adaptarnos às situações, em vez de lutarmos contra elas. A meditação ajuda imenso.

Zizi passa pelo meu blog, tenho algo para ti, é sincera, de coração.

Beijo de luz
Isa