Perguntais-me como me
tornei um louco.
Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes
de muitos deuses terem nascido, despertei de sono profundo e notei que todas as
minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia
confeccionado e usado em minhas sete vidas – e corri sem máscaras pelas tuas
cheias de gente, gritando:
“Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de
mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do
mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
“É um louco!”
Olhei pra cima, para vê-lo.
O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol
beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei
minhas máscaras. E como num transe, gritei:
“Benditos, benditos ladrões
que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade
como segurança em minha loucura:
a liberdade da solidão e a
segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza
alguma coisa em nós.
Khalil Gibran
4 comentários:
Sensacional e tão reflexivo esse texto. Belíssimo compartilhamento.
Que tua semana seja linda como está teu blog! beijos,chica
Passando pela net encontrei o seu blog, estive a folhear achei-o muito bom, feito com muito bom gosto.
Tenho um blog que gostava que o conhecesse e se desejar faça uma visita ao peregrino E Servo
Que haja paz e saúde no seu lar.
Sou António Batalha.
Olá minha amiga. É difícil viver sem as máscaras que nos são impostas. Viver sem elas é a verdadeira felicidade. Beijos.
Este escrito é magnifico. Afinal a loucura, tanta vezes, apenas existe dentro de cada um.
Gostei muito do texto e do seu Blogue que está lindo!
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