Bloguinho da Zizi

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O louco



Perguntais-me como me tornei um louco.
Aconteceu assim:
Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em minhas sete vidas – e corri sem máscaras pelas tuas cheias de gente, gritando:
 “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou:
“É um louco!”
Olhei pra cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei minhas máscaras. E como num transe, gritei:
“Benditos, benditos ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura:
a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

Khalil Gibran

4 comentários:

chica disse...

Sensacional e tão reflexivo esse texto. Belíssimo compartilhamento.


Que tua semana seja linda como está teu blog! beijos,chica

António Je. Batalha disse...

Passando pela net encontrei o seu blog, estive a folhear achei-o muito bom, feito com muito bom gosto.
Tenho um blog que gostava que o conhecesse e se desejar faça uma visita ao peregrino E Servo
Que haja paz e saúde no seu lar.
Sou António Batalha.

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Olá minha amiga. É difícil viver sem as máscaras que nos são impostas. Viver sem elas é a verdadeira felicidade. Beijos.

Manuel disse...

Este escrito é magnifico. Afinal a loucura, tanta vezes, apenas existe dentro de cada um.
Gostei muito do texto e do seu Blogue que está lindo!