A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.
Carlos
Drummond Andrade
15 comentários:
Não conhecia essa poesia dele. Que maravilha e faz pensar ,não?
Linda, linda!! Encontras sempre maravilhas pra nos mostrar!!Adoro! beijos,ótimo fds,chica
lindo poema de Drumond!
Tenha uma sexta-feira iluminada!!
Beijos!!♥
Essa eu não conhecia.
Sabe que essa maravilha está na introdução de minha monografia de conclusão de curso...a-do-ro! Bota anos nisso rsrs. Tudo a ver com psicanálise, subjetividade, e afins.
Beijuuss, amaaada, n.a.
Visões estreitas e meias-verdades escancaradas nesse poema cortante do grande Drumond.
Lindo demais.Eu não conhecia.Acabei de ficar encantada e pensativa.
Obrigada, Zizi.
Bjos,
Calu
Não existe meia verdade. Mas cada um tem a sua verdade.
Anjo, um doce beijo!!!!
e é assim a verdade
eu e a outra metade
um beijo
Voltei pra agradecer o carinho e desejar um lindo domingo!!Aqui, tudo bem! Fiz um montão de historias pro sementinhas, entrei no mundo das crianças ,esqueci a chica chata.Ficou pra trás,rsbeijos,chica
Vim da Chica conhecer o bloguinho da Zizi.
Delicado como poemas de Drumonnd.
Prazer,e volto pra apreciar suas escolhas.
bom domingo
Me fez lembrar de um livro de Cora Coralina.
Meias Verdades de Aninha.
Em tudo somos meios.
Bjs.
Wilma
www.cancerdemamamulherdepeito@blogspot.com
incrível, vou descrever o que senti ao ler o título: um frio no estômago. pensei, mas como alguém se atreve a definir a verdade? li adorando cada palavra genialmente colocada, e no final, o nome do autor explicou tudo,rsrsrs
tu me empresta pra colocar no meu blog com os créditos?
bjs :)
E assim somos todos nós, cada qual carrega em si sua própria verdade, feita de relativa verdade.
Boa semana amiga, beijinhos,
Valéria
Olá Zizi. Ver com antolhos. Lindo poema. Beijos.
Belíssimo poema Zizi, que fala das múltiplas ou fragmentadas verdades, cada um detém pequenas partículas dela.
Beijos e boa semana!
Zizi,
A verdade é o melhor caminho para evoluirmos como seres humanos, eu acho.
Um beijo
Denise
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